sábado, 14 de fevereiro de 2015

Da Gestão do Conhecimento à Gestão do Conhecimento Organizacional

Prezados

Para compreender o que realmente pode significar a expressão Gestão do Conhecimento Organizacional - e todo seu potencial de ser muito mais do que um simples modismo - é necessário ter clareza com relação a duas dimensões básicas. Primeiro, ter a perfeita percepção da diferença entre informação e conhecimento. Segundo, uma vez entendido o que é o conhecimento e seu caráter dinâmico, a percepção do Conhecimento Organizacional como uma metáfora capaz de auxiliar na construção de uma Teoria da Firma alinhada ao referencial teórico das Capacitações Dinâmicas.

Na enorme distância que separa essas duas dimensões talvez resida a explicação do porquê, após mais de vinte anos de pesquisas e publicações sobre o tema, ainda não se tenha atingido um consenso de que a Gestão do Conhecimento só faz sentido quando entendida como Gestão do Conhecimento Organizacional.

As duas dimensões reúnem, ao invés de separar, uma enorme variedade de profissionais sobre o guarda-chuva único de uma coisa difusa designada genericamente por Gestão do Conhecimento. O assunto atrai pesquisas em diferentes áreas de formação, indo da Economia, a Gestão Estratégica, a Teoria das Organizações, passando pelos Sistemas de Informação e a Gestão da Tecnologia e da Inovação, para atingir a Engenharia de Produção, o Marketing, a Psicologia, a Sociologia, a Pedagogia, a Arquivologia, a Biblioteconomia, etc.

Na primeira dimensão - a diferenciação entre informação e conhecimento - a maior dificuldade reside no reconhecimento do caráter dinâmico do conhecimento. Por não entender este dinamismo, traduzido no fato de que o conhecimento está em constante construção, muitos profissionais, sem a base teórica necessária, acreditam ser possível transformar o conhecimento tácito em explícito e confundem informação e conhecimento explícito.

Talvez o mais característico desta dimensão seja a dificuldade de se perceber que não existem dois conhecimentos distintos. Tácito e explícito seriam apenas facetas de um mesmo conhecimento e que um não existe sem o outro.

Como imaginar que profissionais, com tão diferentes formações, se não entendem o que é o conhecimento, possam entender o Conhecimento Organizacional, um hiato na literatura sobre arranjos organizacionais.

Embora a literatura esteja repleta do uso da expressão Gestão do Conhecimento Organizacional, muitas vezes é difícil identificar se o organizacional é um adjetivo da Gestão do Conhecimento, como se houvesse outros tipos de Gestão do Conhecimento, ou se efetivamente se está tratando de gerir o Conhecimento Organizacional.  

A verdade é que ainda há muita confusão e desperdício de recursos devido à falta de definições, critérios e padrões claros sobre o que deveria ser esperado da Gestão do Conhecimento Organizacional como uma competência organizacional e a percepção de que ela deveria estar relacionada à criação dinâmica de Conhecimento Organizacional, ou seja, à inovação.

Forte abraço

Fernando Goldman

Um comentário:

Ferdinand disse...

Para auxiliar um pouco na diferenciação entre informação e conhecimento talvez a palestra do Andrew D Giger seja de alguma valia. Vejam em https://www.youtube.com/watch?v=SCNPqqtA0bw
Quanto à Gestão do Conhecimento Organizacional, está além de minha limitada capacidade......